segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Capitulo III - Reencontro com o Passado

As malas estavam finalmente feitas em cima da cama. Estava uma manhã alegre e o sol brilhava no céu azul celestial. Instalara-se no entanto um clima de tristeza em redor de Laura, enquanto contemplava o jardim em redor daquele Colégio Interno d'os Três Pastorinhos em Montemor o Novo, que havia sido o seu lar nos ultimos 5 anos. Não se sentia preparada para voltar a lidar com os problemas que enfrentara no passado, muito menos para relembrar de tão perto a solidão que sentira junto de todos aqueles que supostamente seriam a sua familia, pelo menos a unica que lhe restava. Aproximou-se do espelho longo majestoso que se encontrava junto á parede e observou a sua figura alta e elegante, o cabelo negro e ondulado caia-lhe pelos ombros, os seus olhos de um azul intenso acinzentado intenso brilhavam com a claridade e as formas do seu corpo escultural faziam-se notar através do vestido azul e justo de seda quase transparente, que lhe caia abaixo do joelho.
Tudo acontecera numa noite gelada e sombria, Laura era uma adolescente nos seus tenros e inocentes 15 anos. Seus pais estavam já deitados no quarto e Laura preparava-se para fazer o mesmo. Subitamente ouviu algo partir na andar de baixo, assustada pensou ir chamar os pais ao quarto, mas o seu instinto levou-a a descer as escadas em direcção ao ruido. Pé ante pé foi andando pelo corredor em direcção ás escadas. Quando se preparava para descer o ruido tornou-se subitamente mais próximo. Laura parou, o coração quase lhe saltava do peito. Duas vozes distintas mantinham um diálogo e embora não conseguisse perceber o que diziam era obvio que subiam as escadas. Desesperada correu em direcção ao seu quarto e escondeu-se por baixo da cama. Duas figuras negras passaram pelo corredor em direcção ao quarto dos seus pais. Após um longo periodo de silêncio ouviu um grito " NÃOOO!!!!" e de seguida dois tiros. Laura chorava e soluçava escondida. Queria sair dali e ir socorrer os seus pais mas sabia que não podia ou o seu destino seria o mesmo. Ouviu passos e tapou a boca para que não a ouvissem. Uma das figuras parou na entrada do seu quarto, entrou e percorreu o quarto. Enquanto lutava para se manter em silêncio por baixo da cama, a outra figura entrou. " Eram só eles, a miuda não está cá. Vamos embora!" disse uma voz masculina, e sairam do quarto. Pouco depois um carro arrancou lá fora.
Depois dessa noite, enquanto a policia tudo fazia para descobrir quem tinha assassinado os seus pais, Laura foi levada para casa dos Alves Antunes, seus tios.
Com a tragédia a jovem tornara-se completamente diferente, deixara de ser uma doce e ingénua menina de 15 aninhos e passara a ser a Louca e profana mulher dos diabos como o seu querido tio João Dinis da Cunha dos Alves Antunes lhe costumava chamar. Mas para Laura era bastante divertido até por vezes viver ali. A sua tia era a tipica Miss com manias de Cinha jardim e um jeitinho de Lili Caneças com tiques religiosos, o seu tio por sua vez poderia-se comparar a um Chiwawa tal a forma como era comandado pela esposa. Mas o mais interessante de tudo eram as suas primas que estabeleciam dentro do mesmo tecto uma verdadeira batalha religiosa entre a santidade e o profeno.O certo é que Laura comportava-se de forma extemamente incomodativa para seus tios. Não obedecia a ninguem e fechava-se no quarto ou passava grande parte do tempo no estábulo com os cavalos, eram animais lindos a seu ver, adorava montar no seu cavalo preferido, Jesualdo, e passar tardes inteiras ali.
Certo dia enquanto se preparava para montar Jesualdo, vislumbrou a figura mais bela de sempre no fundo dos estábulos. Um homem jovem, alto e robusto, cabelos longos e escuros até ao pescoço, peito desnudado exibindo os mais perfeitos abdominais, calças de ganga justas que adelgaçavam tudo quanto eram formas naquele corpo deslumbrante. Os olhos de Laura ficaram vidrados, um ardor fulminou-lhe o peito e as suas pernas perderam a força caindo de joelhos no chão. O jovem vendo-a de joelhos aprontou-se a ajudar, mas Laura num acesso de excitação e loucura atirou-se para cima dele derrubando-o no chão e procurou os seus labios ardentemente, sendo surpreendentemente correspondida. Subitamente o Mordomo Ambrósio entrou nos estábulos e chocado correu para a casa a contar o que vira. Escusado será dizer que no dia seguinte Laura estava de malas feitas pronta para ser levada para o Colégio Interno d'os Três Pastorinhos em Montemor o Novo.
Passados 5 anos ali estava laura, pronta a despedir-se do colégio e voltar a a entrar na vida dos Alves Antunes. A unica coisa que via na sua cabeça naquele momento era a imagem daquele homem, o toque dos seus labios carnudos, o desejo que a consumiu naquele momento há tanto tempo atrás e que ainda estava bem vivo dentro de si.
Será que ele ainda lá estava?
Pôs as malas na bagageira do taxi, sentou-se no banco de trás e disse, - " Para a Mansão dos Alves Antunes."

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Capítulo II - Menina e Moça

Já a tempestade cessara por completo e o sol espreitava envergonhadamentre por entre as espessas nuvens cinzentas, carregadas de mais doses épicas de chuva a descarregar mais tarde nesse dia, porventura ao final da tarde ou mesmo durante o almoço, quando a janela do quarto de cima, última porta à direita no corredor que nascia das gloriosas escadas de mármore malhado e corrimão de carvalho envernizado, cessou por completo, num seco e forte baque. Um ligeiríssimo raio de sol matinal iluminou o que então não era inédito, mas algumas horas mais tarde e teria sido o escândalo absoluto dos Alves Antunes e toda a história daquela boa família e respeitada casa.
De longe, não passava de uma silhueta escura, mas ao perto identificávamos um corpo masculino envolto num casaco de cabedal preto e calças de ganga esfoladas nas áreas trazeira e em volta dos joelhos. Um longo escadote de madeira, de aparência demasiado frágil para segurar sequer uma criança, esperava-o, pendurado naquela janela como se todos os eventos decorridos atrás daquelas paredes sagradas desde sempre estivessem planeados, ou mesmo como se toda a sua vida, a vida daquelas paredes Crstãs, aquele escadote sempre ali tivesse estado, e sempre com o mesmo destino. Era como se a menina – e no entanto, já mulher – que largava janela fora o seu Romeu o fizesse já com uma prática plena de sabedoria, com uma nobreza de gesto tal que familiaridade com tamanho crime assim só mesmo por herança genética, e quem o visse fazer, poderia vir a crer que a mamã fizera o mesmo com a sua idade – e fosse esse o caso, ainda a má língua girava para onde lhe aprovesse mais e estalava entre os dentes: “Gente católica é o que se vê”.
Do outro lado da janela, a menina, já mulher, tocou com as pontas dos dedos ainda ligeiramente suadas nos lábios um pouco carnudos, ainda sentido a forma quente dos lábios alheios que lentamente se lhe ia desvanecendo, o fogo leve daquele beijo que, antes de cerrar por completo a janela, ele lhe espetara com brusquidão, prometendo que no dia seguinte, estaria lá – fosse onde lá fosse – à sua espera, à mesmoa hora – fosse a que horas fosse. Como se ainda fosse adolescente, girou sobre os calcanhares e saltitou o seu caminho até ao closet pessoal.
Ignorou o toque constante do alarme despertador atrás de si, poisado na mesa de cabeceira ao lado da fotografia sua e de sua irmã. Como uma bonita menina, digna portadora do título de filha de uma Alves Antunes, a menina nada fez e esperou. A rotina era o que melhor poderia definir as suas vidas, de acordo com a moça. Esperou que, dentro de cerca de cinco minutos, a empregada, a dona Josefa, lhe batesse à porta do quarto com três toques secos com os seus nós dos dedos esguios e subnutridos e dissesse “Menina Leonor, são horas de acordar.” E talvez vinte – ou quem sabe até trinta, dependendo da disposição com que os Alves Antunes progenitores haviam acordado naquela manhã tempestuosa – minutos depois, voltaria a dona Josefa, senhora cabisbaixa, divorciada e com três filhos emigrados na França a viver com a sua prima que, por obra e graça do Espírito Santo, deixara de saber falar Português, ainda que para lá se tenha mudado com alguns bons dezasseis anos; e as criancinhas, essas, que aprenderam a libertar-se do diminutivo naquele país de evolução a Portugal incomparável, essas se haviam perdido nos dialectos franceses, que era oui madames para aqui, e mais, monsieur, je ne croix pas en ce que vous dit, cantando Edith Piàf por aqui e por ali, e mais algumas pouco ortodoxas misturas de palavras desse tal novo estilo chamado de Rap, e do pouco português que sabiam, limitava-se a três palavras, Pastel de Nata, que se vira a mãe obrigada a escrever a cartinha de Natal em francês, em que junto desta lhes enviava uma caixinha de pastéis de Nata – tinha lá agora dinheiro e tempo para a coisa genuína que era o pastel de Belém – e se havia coisa que as crianças haviam recordado era das palavras Pastel de Nata. Tao engraçado lhe acharam que assim nomearam o gatinho rafeiro.
Mas menina Leonor esqueceu todas estas barbaridades – se é que alguma vez se atreveram a atravessar-lhe o espírito – quando retirou a farda escolar do Colégio e a encostou ao corpinho delgado defronte do espelho de corpo inteiro preso à parede do fundo do seu closet, não porque alguma vez achasse que aquele maldito molho de trapos amarelos e pretos alguma vez lhe ficassem bem, mas porque imaginou como seria aquele dia de regresso às aulas ao colégiozinho de freiras, como lhe costumava chamar, principalmente agora que era finalista e podia, como também era recorrente dizer a si mesma ou às amigas, “mandar a irmãzinha bugiar com mais estilo”, que semple clamava que não lhe largava o pé com lamechices católicas.
Banho tomado, fresca e lavadinha, a menina parou defronte do espelho da casa de banho e penteou-se enquanto lentamente construía os passos a seguir no dia que aí vinha. Manipuladora, imprevisível mas infalível pensadora nos seus planos, assim se pintava a imagem mais negativa que se podia da menina Maria Leonor dos Alves Antunes, que com um sorriso de malvadez colado aos lábios que deveriam ser puros, mas que apenas minutos antes um jovem arruaceito de cabedal e ganga rasgada roubara todo o pudor – e quem sabe que mais –, rasgava os cantos da boca e exibia os dentes primorosamente esbranquiçados pelo dentista, curiosamente o mesmo que o Dr. Tallon, perfeitinhas mas de perfeição fabricada por aparelhos ortodônticos colocados na menina quando ainda tinha treze anos, perfeição essa que agora, outros miúdos de treze anos usufruíam, mas a menina chamava-os de “Caminhos de Ferros” ou “Pára-choques”. Assim, a menina sorria defronte do espelho enquanto passava a escova pelos cabelos curtos vermelhos vivos, que lhes aparecera um dia, aos Alves Antunes, a sua filha mais velha de cabelos pintados daquela cor, da cor do vinho, vermelho escuros – que àquela altura, meses depois, se parecia mais com cor de barro – e todos eles cortados, cortadinhos pelo pescoço; aquela menina, que tinha um cabelo tão bonito quando era apenas mocinha, longos cabelos lisos com aquelas ligeiras e naturais curvas que lhe emolduravam a cara numa perfeição idêntica à de uma estátua romana, com pequeninos caracóis a coroarem-lhe a testa pequena, clarinhos, dourados, e depois escureciam em pequena e suaves ondas que lhe roçavam os ombros nus se entrelaçavam alguns nas alças do vestidinho azul bebé que se atavam com um lacinho ao pé do pescoço. Mas esta, era a visão dos pais, dos papás babados que fizeram tudo – ou pensaram que sim – para que auqela menina crescesse à imagem reflectida de uma Debutante, mas nos limites da aparência apenas.
Depois dos cabelos curtos que lhe deixavam a descoberto o fino, pálido e atrevido pescoço estarem rebeldemente penteados, em pontas irrequietas que se movimentavam conforme a sua dona andava e lançava a mescla de cabelo longa que lhe cobria praticamente um olho – a longa e brilhante franja – para trás e para a frente, enfiou-se apressadamente no uniforme amarelo e preto do Colégio e só entao bufou perante a realidade de, segundo ela própria, “se assemelhar a uma estúpida abelha só porque andava num Colégio de Purezas e Marias da Encarnação”, e com uma preguiça proporcional ao ódio que projectava para quele uniforme de saia amerela curta, de meias pretas com riscas amarelas a formarem losângos e de pólo preto com o emblema escolar directamente sobre o coraçao – quer os alunos gostassem ou não – que escondia uma camisa branca, ela puxou da gavetinha da sua mesinha de cabeceira e, revirando os olhos numa clara e implícita expressão de desprezo, puxou do pequeno crussifixo muito dourado e muito adornado, quase uma cópia exacta do da irmãzinha – mas claro que não o era, afinal, um Alves Antunes que era digno de portar esse nome tinha de ter o seu personalizado crussifixo só para si – e deitou-o pelo pescoço abaixo. E mal o faz, eis que as suas previsões se tornam realidade, e a rotina dos Alves Antunes não é mito, mas sim a mais pura das consequências de quem pouco faz e muito ganha: a dona Josefa bate à sua porta, exactamente vinte e três minutos depois, e grita-lhe “Menina Leonor, venha tomar o pequeno-almoço que os seus pais já se encontram na sala de refeições.”
E, abrindo a porta quando a pobre já lhe virava as costas, fazendo a mulher soltar um pulo, levar as mãos ao peito e clamar por nossa Senhora muito baixinho, ela sorri e diz “Obrigada, Zé” e assim deixa claro o tipo de relação que a Menina Leonor Alves Antunes, filha de Luísa Isabel de Castro Laurinda Sousa Rodrigues e de João Dinis da Cunha dos Alves Antunes, quando eis que a moça lhe mete o braço direito sobre os ombros e assim descem as escadas, e mal atingem o chão homogéneo daquele mármore claro, digno de quem foi importado talvez de Goa, se não de Damão, a moçalhe larga os ombros e segue para a sala de refeições onde, assim que atravessa a porta, lhe atira a mãezinha, sempre sem levantar os olhos do pãozinho integral que vai barrando com creme vegetal à base de soja com a faquinha de prata do serviço que recebera como prenda de casamento dos van Dousen, lhe diz: – Bom dia, Nonô. Deus nos ajude, que esteve uma tempestade de aterrorizar até os anjos hoje.
E sorrindo com desdém, também ela sem levantar os olhos do seu próprio pãozinho – integral ou não, não o sabia: – Eu certamente que não o poderei dizer, mamã. Não ouvi nada. Dormi que nem um anjinho no céu.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Capítulo I - A Manhã das Trevas

O trovão ecoou por todos os aposentos da mansão. Há já muito tempo que a propriedade dos Alves Antunes não acordava com tamanha tempestade. O vento e a chuva faziam as janelas tremer nos seus caixilhos de uma forma bruta e intensa. Nos estábulos, os cavalos relinchavam horrivelmente, demonstrando o seu pavor. À entrada da mansão, o chão havia sido coberto pelos cacos dos encantadores dálmatas de loiça que Madame Antunes havia comprado numa loja de decoração em Paços de Ferreira. Parecia o inferno.
Rosélia acordou sobressaltada com um relâmpago que não devia ter caído muito longe da sua janela. De imediato, salta da sua cama e coloca-se de joelhos em frente ao crucifixo em ouro de 24 quilates que sua tia, a Soror do Convento de Campo Maior, lhe havia trazido do Vaticano e que tinha sido benzida pelo Papa. Fez oito orações a Santa Bárbara, quatro à Nossa Senhora de Fátima e, por força do hábito, rezou duas Avé Marias e um Pai Nosso. Levantou-se, ainda assustada, e foi-se ver ao espelho. Como se encontrava bonita. Seus cabelos loiros caíam em cachos sobre os seus ombros desnudados. Na sua face, de tez perfeita e marmórea, encontravam-se os mais lindos olhos, de um verde profundo, que todo o Portugal havia visto. Mas o seu corpo, esse, era a mais bela jóia do tesouro que era Rosélia. De uma perfeição tal, que apenas poderia ser comparada ao corpo de uma estátua de Bernini e mesmo essa sairia a perder. Todo ele era uma formosura. As suas pernas eram elegantes e bem torneadas, devido à equitação que praticava; a sua cintura era de uma finura espantosa e por entre a camisa de noite da Hello Kitty, adivinhavam-se as curvas provocadoras de uma bela jovem de dezoito anos, que culminavam nos mais maravilhosos seios deste mundo, seios esses que muitas das colegas de Rosélia, verdes de inveja, juravam a pés juntos que eram de silicone e tinham sido feitos numa clínica em Badajoz. Em suma, Rosélia de Castro Laurinda dos Alves Antunes era uma Vénus.
Após namorar o espelho por uns bons vinte minutos, Rosélia dirigiu-se ao seu quarto de banho, afim de se deleitar num prolongado banho de imersão. Sentia-se suja. Durante a noite, tivera mais um dos seus sonhos pecaminosos que ultimamente lhe pareciam atormentar o sono. Sentia-se envergonhada só de pensar neles e nunca por nunca os contaria a ninguém. “O que me deu para sonhar com estas… coisas?”, perguntava-se ela amedrontada consigo própria. De súbito, desfez-se em lágrimas. Imaginou por momentos a reacção de seus pais se estes porventura descobrissem que a sua filha, que havia sido educada no mais puro dos ambientes católicos e que frequentava o Colégio das Salesianas de Santa Maria Descalça, de noite sonhava que era possuída por camionistas e que, pior, após o coito comia tremoços e bebia cerveja. Sua mãe iria parar a um hospital em coma profundo e seu pai daria um tiro na cabeça. Como é que uma menina, que na sua Primeira Comunhão havia se posto aos pés do Senhor e lhe havia jurado que manteria a sua pureza até ao dia do seu casamento, tinha aqueles sonhos repletos de luxúria e de, por mais que lhe custasse admitir, prazer? Fixou-se então nesta última sensação que lhe aflorou no pensamento. Prazer. Como é que ela sabia o que era o prazer da carne se nunca, pelo menos acordada, o tinha experimentado? Já tinha ouvido histórias de colegas que tinham quebrado os seus votos e se tinham entregue aos namorados. Estas contavam como tinham sentido um prazer inexplicável. “Ouça Rosélia, você não ‘tá bem a ver! É que eu senti um calor pelas pernas acima que… Jesus! Parecia que tinha chegado ao Céu mas que ao mesmo ‘tava a arder no fundo dos infernos! Deus tende piedade de mim!”, descreviam elas entre o envergonhado e o orgulhoso. “Foram possuídas por Lúcifer, coitadas…” pensava Rosélia delas sem nunca imaginar que neste momento se sentiria assim. Tentou afastar estes pensamentos e mergulhou o seu corpo na água quente e perfumada. Lá fora, a tempestade continuava e parecia não dar sinais de que fosse parar. Não conteve um sorriso triste ao aperceber-se que o estado meteorológico reflectia o seu estado de espírito.
Já lavada mas ainda um pouco tensa, Rosélia pega na sua toalha e começa a esfregar-se com brusquidão na esperança de livrar-se do pecado em que estava possuída. È então que algo de terrível acontece: ao limpar as suas partes pudicas dá um esticão com a toalha tão forte, que vê-se invadida por uma intensa onda de calor, seguida de uma tontura que faz com que perca as suas forças e caia de joelhos nos azulejos cor-de-rosa bebé, comprados na Moviflor por Madame Antunes. Já no chão, solta um gemido tão alto que chega a sobrepor o som dos trovões que ribombam no exterior. Acabara de ter um orgasmo.